Alan Moore é um autor inglês considerado pelos aficcionados em HQ’s como membro da santíssima trindade dos quadrinhos, junto com Neil Gaiman e Frank Miller, tem um currículo vastíssimo de obras consideradas como clássicos da nona arte, seja com suas criações como Constantine, Do Inferno, A Liga Extraordinária, V de Vingança e Watchmen ou utilizando criações de outros como a Graphic Novel Batman, A Piada Mortal, a reformulação do Monstro do Pântano e algumas histórias do Spawn, para quem criou a vilã Angela. Alan considera seus desenhos bastante fracos, por isso costuma contar com parceiros para cuidar dessa parte, nesse caso o escolhido foi Dave Gibbons, artista britânico que já havia emprestado seus traços para as histórias do Judge Dredd e do Lanterna Verde.
Watchmen foi publicada originalmente como uma série de 12 edições, sendo lançada no Brasil no final dos anos 80 pela Editora Abril e foi republicada em diversas oportunidades, as duas mais recentes saíram na mesma época da adaptação para o cinema, uma considerada Edição Definitiva, encadernada com capa dura e papel nobre, e outra em dividida em dois volumes e em papel comum, ambas pela Panini. A história foi escrita originalmente utilizando personagens da editora Charlton que fora adquirida pela DC Comics, e fora negada pela mesma, pois queriam dar outros destinos aos personagens, incorporando-os ao universo regular da DC Comics, então Alan adaptou a história, introduzindo novos personagens, inspirados nesses personagens, incluindo também características de outros. Lembrando que Watchmen foi considerado um dos 100 maiores romances da História, segundo a revista Times, sendo a única HQ incluída nessa lista.
A história trata de um mundo alternativo onde, de fato, existem heróis e vilões mascarados, no entanto, em vez de criarem uma realidade fantasiosa para que existam esses personagens, eles são inseridos num contexto bastante realista, portanto há uma forte discussão a respeito do impacto da existência deles na sociedade. O período narrado ambienta-se no ano de 1985, graças à presença do mega-poderoso Dr. Manhattan, os EUA venceram a guerra do Vietnã, Nixon se manteve no poder e o mundo possui uma tecnologia muito mais avançada, mas está à beira de uma guerra nuclear, esta narração começa a partir de um crime misterioso, que aparentemente está relacionado com os antigos mascarados, que foram forçados a se tornarem agentes do governo ou a se aposentar devido a Lei Keene de 1977, todos exceto o Rorschach, que se manteve na ativa ilegalmente (e está mais para um anti-herói sociopata e violento) e que investiga esse assassinato bem como outros fatos que ocorrem e estariam ligados a uma conspiração. A história é bastante complexa e, segundo Alan Moore, foi escrita para que só fosse compreendida após algumas leituras (eu já li duas vezes e posso dizer que na segunda vez peguei detalhes que havia deixado passar na primeira vez) e tem um final bem surpreendente e que ironiza alguns clichês.
Alem dos volumes da HQ em si, existem alguns “anexos” que tornam a obra interessante, como alguns trechos da autobiografia “Sob o Capuz” escrita por Hollis Mason, o primeiro Coruja (um dos primeiros heróis e membro dos Minutemen, o grupo precursor dos Watchmen), uma matéria sobre o Dr. Manhattan e a ficha de Walter Kovacs, o Rorschach, escrita por um psiquiatra, e também alguns totalmente dispensáveis, como os chatíssimos “Contos do cargueiro negro” HQ sobre piratas lido por um personagem e que foi escrito por um artista desaparecido (leia e descubra o porquê).
Recomendo fortemente para fãs de quadrinhos e de histórias bem escritas, deve surpreender muitas pessoas, habituadas ou não as HQ’s.
Marcos