TrocaLetras

07/12/2012

A valsa dos adeuses – Milan Kundera

Filed under: Adulto,Crítica social — Pandora @ 23:40

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Sou sempre suspeita para falar do Kundera. Quem acompanha o blog sabe que eu sou fã incondicional dele.

O título traduz exatamente o que é esse livro: uma grande valsa de adeuses, onde os personagens vem e vão em seus relacionamentos.
A trama inicial gira em torno da gravidez indesejada de Ruzena, uma jovem enfermeira que trabalha em uma clínica para tratamento de mulheres inférteis.

Ao longo do livro, personagens são acrescentados em uma dança vertiginosa que culmina com o desfecho de todas essas interações.

Falar mais do que isso é correr o risco de um spoiler.

No mais, posso dizer que Kundera mescla com maestria o cômico e o trágico, nos fazendo analisar a sociedade e as relações de um modo diferente.

Recomendo muito.

*Agradeço à Tirene, que me deu o livro*

Pandora

26/01/2012

O homem que não amava as mulheres – Stieg Larsson

Depois de muuuiiiito tempo sem escrever algo (e sem ler realmente um livro, com tempo, atenção e dedicação como deve ser!) fico feliz de poder voltar com um super livro!

O homem que não amava as mulheres caiu em minhas mãos por causa de seu título em inglês – the girl with the dragon tattoo – presente de um amigo muito querido.

Stieg conseguiu escrever um romance policial dramático que prende o leitor do começo ao fim, deixando depois de cada parágrafo a vontade de deixar o resto para depois e continuar lendo… Depois de terminar este, fui obrigada a encomendar os próximos dois.

A história faz parte de uma trilogia cult sueca – Millenium – onde é tratado um assunto muito complicado na Suécia – violência doméstica contra a mulher.  No início de cada capítulo, Stieg inclui dados estatísticos que chocam.

Lisbeth Salander é uma menina diferente, com um passado complicado, mãe doente e com uma “doença” que muitos ficariam felizes em ter: Síndrome de Asperger. E um caso específico de autismo, onde a pessoa tem uma magnífica memória fotográfica e um super talento em entender esquemas e construções lógicas que para outras pessoas não fazem sequer sentido. Isso faz com que ela ache ligações em situações inusitadas e tenha muita afinidade com computadores.

Mikael Blomkvist é um jornalista policial-financeiro que critica e investiga a saúde econômica e financeira de polos multinacionais capitalistas, grandes empresas com grandes capitais.

A vida dos dois protagonistas se cruzam quando Mikael se envolve com os “problemas financeiros” de uma multinacional e Lisbeth começa a trabalhar para Dragan Armanskij. Ela investiga a vida de Mikael para o empresário Henrik Vanger, que acaba contratando-o para escrever a biografia da família Vanger e desvendar um velho mistério familiar: quem matou Harriet Vanger.

Quando Mikael descobre o que Lisbeth conseguiu descobrir sobre ele, contrata-a para ajudá-lo na busca por respostas.

E um livro que valeu cada hora dormida a menos =)

PS.: Eu assisti tambem o filme em inglês e valeu muito a pena, nao só a história foi muito bem contada, como a trilha sonora do Nine Inch Nails combinou com a história e os efeitos especiais parecem dignos de Lisbeth Salader.

Barbie

05/09/2011

Feios – Scott Westerfeld

Filed under: Adulto,Crítica social,Ficção Científica,Jovem adulto — Pandora @ 14:16

Confesso que relutei muito em pegar esse livro para ler. O nome, a capa…nada chamou a minha atenção. Uma rápida olhada e pré-julguei que fosse um livrinho babaca pra adolescentes.

Ainda bem que todo viciado em livros acaba, cedo ou tarde, olhando a sinopse com cuidado, até desses livros que a gente não curtiu no primeiro momento. E foi aí que bateu a vontade de ler “Feios”.

“Feios” é um tipo de “Admirável mundo novo”, com linguagem moderna e acessível.
De um lado, temos a Vila dos Feios, um lugar onde os jovens ficam em alojamentos, sonhando com o dia em que farão 16 anos e se tornarão Perfeitos. Do outro, temos Nova Perfeição, para onde os jovens vão após a sonhada cirurgia.

Tally Youngblood é uma das jovens feias, ansiosa pelo seu 16º aniversário, para finalmene tornar-se perfeita e se juntar aos seus antigos amigos em Nova Perfeição.

Até que Shay aparece na sua vida, outra jovem feia, mas com planos totalmente diferentes. Shay não está ansiosa para seu aniversário, pelo contrário. Ela sonha em fugir e juntar-se a um grupo rebelde na cidade Fumaça. Lá, ninguém é submetido à operação e todos são feios.

Quando Shay finalmente foge, Tally vê-se em uma difícil situação: trair sua amiga ou ser feia para sempre?

Achei o livro muito inteligente. Como se sobrepor à massa? Estamos prontos para as consequências? Sim, de fato, é mais fácil viver na ignorância.

Recomendo MUITO o livro!

Pandora

25/08/2011

A solidão dos números primos – Paolo Giordano

Filed under: Adulto,Crítica social,Drama — Pandora @ 14:28

Esse é um livro difícil de resenhar, gerou-me uma série de sentimentos contraditórios…
O que me chamou atenção para adquiri-lo foi o título, que achei extremamente poético. E a sinopse veio completar o sentimento de que seria um livro arrebatador.

Somos conduzidos pelas vidas de Alice e Mattia, desde a infância até a idade adulta, assistindo seus traumas que geraram em torno deles uma espécie de bolha que os mantém a parte do resto do mundo.
Apenas quando estão próximos um do outro é que são capazes de relaxar, mas nunca ir além de uma amizade muda.

O livro é forte e doloroso, é difícil ver dois adolescentes que teriam uma vida excepcional serem neglicenciados por seus pais e deixados de lado pela sociedade, fechando-se cada vez mais em seu próprio mundo.

A história em si não tem nada de excepcional, mas o misto de sentimentos, frustrações e dor nos envolve e impulsiona a leitura.

E o final…foi perfeito, de acordo com tudo o que se passou.

Esse é o livro de estréia de Paolo Giordano, um físico italiano cujo talento para escrever é indiscutível. Vale a pena ficar de olho em novas obras dele (e me pergunto o quanto Giordano tem de Mattia em si próprio).

Recomendo para quem procura um livro diferente, com alta carga dramática.

Pandora

25/03/2011

A mordida da manga – Mariatu Kamara

Filed under: Adulto,Atualidades,Biografias,Crítica social,Drama — Pandora @ 01:35

Ganhei esse livro em um concurso cultural e ele foi uma grata surpresa.
É de uma simplicidade e força arrebatadoras.

Trata-se das memórias de Mariatu Kamara, uma garota de Serra Leoa, África. Mariatu é mais uma das vítimas da brutal guerra civil que deixou milhares de mutilados e o país na mais absoluta pobreza.

Mariatu, como muitas outras pessoas, teve as duas mãos cortadas pelos rebeldes civis, para ser impedida de votar no presidente. Com a ajuda humanitária enviada para Serra Leoa, Mariatu conseguiu ir para o Canadá, onde pôde frequentar a escola e ter uma vida relativamente normal.
Portanto, engana-se quem pensa que esse é um livro amargo, cheio de auto-piedade.
Vemos aqui uma criança, vítima de estupro, mutilação, pobreza, miséria e sofrimento, mas que se reergueu e agora quer contar sua história e mostrar ao mundo como é Serra Leoa.

As últimas páginas foram as mais brutais, porque são um belo soco no estômago.
Mariatu vivenciou os dois extremos: a mais absoluta pobreza e a ostentação dos que vivem em países desenvolvidos.
Vemos, através de suas palavras, as pessoas de seu antigo povoado passando fome, com as roupas em farrapos enquanto o resto do mundo, convenientemente separado por um oceano, fecha os olhos e esbanja.

Uma triste e sombria realidade.
Nem todos podemos fazer muita coisa daqui, mas do nosso lado também existem pessoas que precisam de uma mão que as ampare. Acho que todos devemos pensar nisso.

Um livro excelente e muito recomendado.

*Agradecimentos à Viciados em livros que promoveu o concurso cultural e à editora Planeta, por ter me escolhido entre tantos outros para ganhar esse livro*

Pandora

07/03/2011

Firmin – Sam Savage

Filed under: Adulto,Crítica social,Filosofia — Pandora @ 13:21

“Eu não sou o tipo de gente que enloquece sem saber”

Firmin é um rato, nascido no porão escuro de uma livraria.
Desde muito pequeno, sente na pele que o seu amor incondicional aos livros o torna diferente dos seus irmãos. Passa então seus dias comendo livros (em sentidos figurativo e literal)

Firmin é um idealista, romântico incorrigível, sonhador, vaidoso e hipócrita. Um gênio e um estúpido ingênuo. Um ser humano preso em um corpo de rato.

E esse livro é um canto de amor aos livros. Um retrato de nós, que nos deixamos absorver por eles, vivendo vidas e emoções alheias.
É um quadro pintado a óleo da condição humana degradada, onde ratos e humanos tornam-se tão iguais e irreconhecíveis entre si.

Um livro imperdível!

Sam Savagem é professor de filosofia e esse é seu primeiro livro. Firmin foi publicado de forma independente, sem alvoroço e recomendado no boca a boca.
Adquiri esse livro garimpando entre as estantes e tenho a impressão de que essa obra é tão marginalizada quanto nosso rato protagonista.

Pandora

27/01/2011

Watchmen – Alan Moore e Dave Gibbons

Filed under: Crítica social,HQ´s / Graphic Novel — Marcos Rodrigues @ 11:24

Alan Moore é um autor inglês considerado pelos aficcionados em HQ’s como membro da santíssima trindade dos quadrinhos, junto com Neil Gaiman e Frank Miller, tem um currículo vastíssimo de obras consideradas como clássicos da nona arte, seja com suas criações como Constantine, Do Inferno, A Liga Extraordinária, V de Vingança e Watchmen ou utilizando criações de outros como a Graphic Novel Batman, A Piada Mortal, a reformulação do Monstro do Pântano e algumas histórias do Spawn, para quem criou a vilã Angela. Alan considera seus desenhos bastante fracos, por isso costuma contar com parceiros para cuidar dessa parte, nesse caso o escolhido foi Dave Gibbons, artista britânico que já havia emprestado seus traços para as histórias do Judge Dredd e do Lanterna Verde.

Watchmen foi publicada originalmente como uma série de 12 edições, sendo lançada no Brasil no final dos anos 80 pela Editora Abril e foi republicada em diversas oportunidades, as duas mais recentes saíram na mesma época da adaptação para o cinema, uma considerada Edição Definitiva, encadernada com capa dura e papel nobre, e outra em dividida em dois volumes e em papel comum, ambas pela Panini. A história foi escrita originalmente utilizando personagens da editora Charlton que fora adquirida pela DC Comics, e fora negada pela mesma, pois queriam dar outros destinos aos personagens, incorporando-os ao universo regular da DC Comics, então Alan adaptou a história, introduzindo novos personagens, inspirados nesses personagens, incluindo também características de outros. Lembrando que Watchmen foi considerado um dos 100 maiores romances da História, segundo a revista Times, sendo a única HQ incluída nessa lista.

A história trata de um mundo alternativo onde, de fato, existem heróis e vilões mascarados, no entanto, em vez de criarem uma realidade fantasiosa para que existam esses personagens, eles são inseridos num contexto bastante realista, portanto há uma forte discussão a respeito do impacto da existência deles na sociedade. O período narrado ambienta-se no ano de 1985, graças à presença do mega-poderoso Dr. Manhattan, os EUA venceram a guerra do Vietnã, Nixon se manteve no poder e o mundo possui uma tecnologia muito mais avançada, mas está à beira de uma guerra nuclear, esta narração começa a partir de um crime misterioso, que aparentemente está relacionado com os antigos mascarados, que foram forçados a se tornarem agentes do governo ou a se aposentar devido a Lei Keene de 1977, todos exceto o Rorschach, que se manteve na ativa ilegalmente (e está mais para um anti-herói sociopata e violento) e que investiga esse assassinato bem como outros fatos que ocorrem e estariam ligados a uma conspiração. A história é bastante complexa e, segundo Alan Moore, foi escrita para que só fosse compreendida após algumas leituras (eu já li duas vezes e posso dizer que na segunda vez peguei detalhes que havia deixado passar na primeira vez) e tem um final bem surpreendente e que ironiza alguns clichês.

Alem dos volumes da HQ em si, existem alguns “anexos” que tornam a obra interessante, como alguns trechos da autobiografia “Sob o Capuz” escrita por Hollis Mason, o primeiro Coruja (um dos primeiros heróis e membro dos Minutemen, o grupo precursor dos Watchmen), uma matéria sobre o Dr. Manhattan e a ficha de Walter Kovacs, o Rorschach, escrita por um psiquiatra, e também alguns totalmente dispensáveis, como os chatíssimos “Contos do cargueiro negro” HQ sobre piratas lido por um personagem e que foi escrito por um artista desaparecido (leia e descubra o porquê).

Recomendo fortemente para fãs de quadrinhos e de histórias bem escritas, deve surpreender muitas pessoas, habituadas ou não as HQ’s.

Marcos

25/01/2011

A hora entre o cão e o lobo – Eva Hornung

Filed under: Adulto,Crítica social — Pandora @ 00:17

Esse livro é simplesmente atordoante!

Conta a história de Romochka, um garotinho de quatro anos, abandonado em pleno inverno de Moscou.
Após esperar por dias o retorno da mãe ou do tio, decide sair às ruas em busca de calor e comida. Acaba encontrando uma cadela e a acompanha até uma igreja em ruínas.
A partir daí, Romochka passa a fazer oficialmente parte do clã de cães selvagens, aprendendo sua linguagem complexa, a hierarquia de um clã e a lealdade entre todos.

Romochka, o menino dos cães, aprende a caçar para alimentar seus irmãos e para sobreviver. Os animais e ele sabem que precisam uns dos outros para se alimentar e manter-se aquecidos no inverno rigoroso.
Parece uma história comum, certo? Até parecido com Mogli e afins, mas esse livro é belissimamente construído.

Utilizando como pano de fundo a época da política da perestroika (reconstrução econômica), a fome que assolava os menos abastados, as milhares de crianças abandonadas e marginalizadas e a exclusão social. Denuncia o descaso e o egoísmo do ser humano. Romochka era invisível para as autoridades (apenas mais um “Boomj” – mendigo) e totalmente dispensável para as demais pessoas, que o viam como uma figura excêntrica, mas que não merecia um segundo olhar.

O processo de se transformar em um animal é chocante, mas, ainda pior, é reaprender a ser um humano, sujeitar-se às autoridades e leis que sempre o excluíram da vida social.

E o final…é excepcional. Forte, me fez virar a última página em um estado de choque e repulsa. Repulsa por também fazer parte dessa sociedade egoísta.

Eva Hornung criou uma obra fenomenal, sem sentimentalismos baratos, onde expõe a realidade crua e violenta de uma época, mas que bem pode ser aplicada à realidade atual de todos os países.

“A escuridão cai devagar, anunciando o fim daquela tarde de outono. A Hora entre o Cão e o Lobo. O momento em que luz e sombras se mesclam, em que o medo se une às possibilidades. Tudo parece hesitar entre Cão e Lobo, entre uma coisa e outra, até o momento em que a noite, como um lento suspiro, finalmente cobre a cidade.”

Pandora

14/01/2011

Desastre – S. G. Browne

Filed under: Adulto,Crítica social,Humor,Jovem adulto,Sobrenatural — Pandora @ 22:31

Esse livro foge muito dos padrões atuais, onde um cara foda encontra uma garota especial, se apaixonam e vivem felizes para sempre.
Acho que por ser um autor masculino, ele conseguiu quebrar essa mesmice e nos trouxe uma obra bastante original.

O livro é uma crítica ácida à nós, seres humanos consumistas, confusos, problemáticos. Mas a crítica vem embalada na cápsula do bom humor, o que faz a leitura fluir deliciosamente.

Fado é um ser imortal, o narrador da história, aquele que nos dá uma sina quando nascemos e nos vigia para que tudo continue na linha (ou seja, dando errado!).
Mas quando Fado se compadece dos humanos e resolve ajudar, tudo vira uma grande bagunça.

O livro é super engraçado, com passagens onde Fado toma um porre com Carma, fala besteiras com Preguiça e Gula, transa com Destino e bate papo com Morte.
Todos os Imortais citados tem defeitos, como humanos. Então podemos ter Destino como uma puta, Preguiça como um drogado e Deus – Ou Jerry – como um megalomaníaco. Engraçadíssimo e super difícil não visualizar pessoas de nosso dia-a-dia nessas descrições.

Conforme o livro avança, o foco muda. Antes Fado (ou Fábio) desprezava os humanos, depois passa a cuidar deles. Então o livro vai tomando outros rumos.

A parte de seu romance com Sara, uma humana, é deixada em segundo plano, o que achei muito legal. O que interessa aqui são os seres humanos, com seus defeitos e qualidades.

Posso dizer que o final é surpreendente. Não esperava de maneira alguma e não gostei dele, mas não deixa de ter sua ironia e seu charme.

Resumindo: o Fado é foda =P

Pandora

30/08/2010

O Retrato de Dorian Gray – Oscar Wilde

Filed under: Clássicos,Crítica social,Drama — barbieauglend @ 19:18

O retrato de um homem excepcionalmente bonito é descoberto quando Lord Henry Wotton, um hedonista de trinta anos de idade, visita o artista Basil Hallward. Henry decide que quer conhecê-lo. Por acaso o rapaz parece ser uma nova companhia do pintor. Dorian Gray tem cerca de vinte anos, é  ingênuo, e se torna parte da arte apenas por ser bonito. Os comentários espirituosos e cínicos do Lord aconselham-o a saborear a juventude e recusar qualquer deboche sensual.

O que o lorde não vê, é que para o artista Basil Hallward, Dorian Gray é o epítome do ideal de beleza, enquanto para o abusado Henry  ele é como um objeto de um arrogante experimento psicológico: Ele debocha do artista, acreditando que Basil e Dorian tem uma ligaçãosexual, sem se preocupar em ter moral, preocupações ou limite de convenções sociais.

Oscar Wilde descreveu a auto-destruição de um povo decadente. O romance é mais do que uma história, é sobre a relação entre beleza e moralidade, a arte e a vida, a morte e a impermanência. A importância da harmonia do corpo e da alma do artista Basil Hallward é um bom exemplo.

Barbie

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