O livro é sobre a travessia de Amyr Klink, remando do porto de Luderitz na África do Sul à Praia da Espera, em Salvador/BA. Como o próprio nome sugere, ele passou cem dias remando sua pequena embarcação apelidada de “A Lâmpada”. O livro mescla a preparação da viagem, a saída da África e o dia-a-dia no mar até a chegada ao Brasil.
Comecei a ler esse livro cheia de expectativas porque ele foi muito bem recomendado, e logo de início eu fiquei um pouquinho decepcionada.
Achei o autor arrogante, cheio de si.
Após a má impressão inicial a leitura embalou. Em alguns pontos foi bem maçante, tudo é relatado tecnicamente, os preparativos da viagem, a construção e tudo mais.
Alguns momentos eu saí do sério, como quando ele afirma ter atirado ao mar objetos obsoletos que estavam em seu barco. Fiquei transtornada! Não esperava uma atitude assim de alguém que diz amar o mar. Isso me deixou chateada e fez o autor cair um pouco no meio conceito.
Pela metade do livro, Amyr mostra-se mais humilde, realmente em comunhão com a força do mar, agindo como o minúsculo ser vivente que o mar abriga. E aí ele ganhou pontos novamente.
Chamo a atenção para alguns momentos realmente bons: os peixes dourados que acompanharam a maior parte da travessia e o peixe-líder Alcebíades, a gaivota negra apelidada de “águia negra” que sobrevoou o barco por muito tempo, os tubarões, a idosa tartaruga quase no fim da viagem. Mas o detalhe mais absolutamente fantástico foi a “creche de baleias” e um texto que Amyr transcreveu para o livro, onde conta como se dá a caça desses animais. Foi o único momento em que eu realmente me emocionei.
No mais, esse livro trata de determinação, paciência, superação e uma força de vontade absurda. Mesmo com todos os tropeços, Amyr Klink é uma pessoa para se admirar. Cem dias de solidão guardados na memória e no coração, faz um homem perceber o mundo e a vida que o cerca de outras maneiras.
E, ao final, o autor relata em vários anexos e apêndices a ficha técnica do barco, os envolvidos no projeto, seu cardápio e outros detalhes técnicos.
Também chamo a atenção para as fotos que ilustram o livro. Senti falta de mais fotos da travessia, mas acho que ele estava ocupado demais com seus remos rsrs. As fotos publicadas são lindas e eu fiquei com um gostinho de mar na boca. Agora preciso colocar meus pés em um barco 🙂
*Agradeço ao Roberto que é grande fã do Amyr Klink e que me contou tão entusiasticamente desse livro*
Pandora